A censura moderna não usa farda nem carimbo. Ela usa crachás com o nome de agências de checagem, selos de verificação e relatórios técnicos. Sob o pretexto de combater a desinformação, o Estado brasileiro terceirizou o controle da palavra para organizações supostamente neutras, mas financiadas por interesses políticos e ideológicos muito bem definidos. O resultado é um sistema de censura por procuração — eficiente, opaco e perigosamente incontestável.
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A checagem institucionalizada: da neutralidade ao alinhamento
Em julho de 2023, o TSE comemorou publicamente a parceria com o WhatsApp e agências de checagem como Lupa, Aos Fatos e AFP. O projeto recebeu até prêmio internacional pelo “combate à desinformação” (TSE). Mas o que se apresentou como conquista democrática é, na prática, uma perigosa simbiose entre aparato estatal e verificação privada. Não há contraditório. Não há recurso. Se uma agência decide que uma opinião é falsa, o conteúdo é removido — e ponto final.
Até mesmo as agências de checagem erram — e feio. No dia 2 de junho de 2021, o site de verificação Aos Fatos classificou como “falsa” a declaração do então presidente Jair Bolsonaro sobre a projeção de crescimento do PIB brasileiro. O presidente afirmou que as previsões de mercado já apontavam crescimento acima de 4%, mas o site discordou. Poucos dias depois, as projeções oficiais confirmaram: a estimativa de fato superava os 4%. A “mentira” virou verdade, e a “checagem” virou vexame.
Mas não se preocupe — provavelmente ninguém checará os checadores. Afinal, quando o erro vem com selo de autoridade, ele deixa de ser erro e passa a ser diretriz oficial.
Fonte: Gilberto Musto – Marketing Político
O Estado terceiriza, a censura se fortalece
Barroso, antes de deixar a presidência do TSE, renovou em 2022 as parcerias com essas mesmas agências — inclusive durante o período eleitoral (Revista Oeste). Essa colaboração oficializa o uso de entidades privadas como fundamento técnico para decisões judiciais e administrativas. Em outras palavras: o Estado passa a censurar com base em critérios definidos por ONGs, jornalistas militantes e “especialistas” financiados.
Quem financia os checadores da verdade?
Segundo apuração da Gazeta do Povo, ONGs estrangeiras como o Digital Forensic Research Lab (DFRLab), ligada ao think tank Atlantic Council, e o consórcio CEPPS, financiado pela USAID e NED, cooperaram diretamente com o STF e o TSE durante o monitoramento da eleição brasileira de 2022 (Gazeta do Povo). Trata-se de uma influência externa direta sobre o fluxo de informação de um país soberano — sob aplausos da imprensa e silêncio da oposição institucional.
Isenção? Só no discurso
As agências de checagem vendem isenção, mas praticam seletividade. Um estudo da Gazeta mostrou que verificações tendem a ser mais rigorosas contra conteúdos críticos ao governo ou às instituições que as financiam (Gazeta do Povo). Pior: muitos dos checadores são ex-jornalistas militantes ou ativistas políticos disfarçados de técnicos. A neutralidade virou fantasia institucional.
Conclusão
A checagem virou inquisidora. Não se limita a verificar fatos, mas interpreta intenções, deduz contextos e impõe verdades convenientes. Quando o Estado se apoia em agências privadas para calar cidadãos, estamos diante de um novo regime de censura — mais sofisticado, mais covarde e mais eficaz.
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