O Banco Master, uma das instituições financeiras mais tradicionais do país, se tornou o centro de uma série de movimentações decisivas no mercado brasileiro em 2025. Envolvendo aquisições bilionárias, investigações regulatórias e negociações com gigantes do setor, o caso coloca em xeque não apenas o futuro da instituição, mas também a confiança no sistema bancário e nos ativos emitidos por ela.
A aquisição pelo BRB
No dia 28 de março de 2025, o Banco de Brasília (BRB) anunciou a compra de 58,6% do capital social do Banco Master, por aproximadamente R$ 2 bilhões. A operação inclui ainda o controle do Will Bank, banco digital adquirido anteriormente pelo Master em fevereiro de 2024.
A estratégia visa ampliar a presença digital do BRB e sua base de clientes. A conclusão da operação, no entanto, depende de aprovação tanto do Banco Central (BC) quanto do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Incertezas regulatórias
Fontes do mercado indicam que o BC pode não aprovar integralmente a operação. Há dúvidas sobre a estrutura societária do negócio e possíveis fragilidades regulatórias envolvidas na transação. Essa incerteza tem preocupado investidores, especialmente os detentores de títulos emitidos pelo Master e pelo Will Bank.
Investigação do Ministério Público
O Ministério Público de Contas do Distrito Federal também abriu investigação sobre a compra. A suspeita é de que, por se tratar de um banco público, o BRB teria conduzido a operação sem estudos técnicos aprofundados de viabilidade e sem a devida transparência sobre os riscos.
Sócios do Master na mira da CVM
Paralelamente, os sócios do Banco Master estão sendo investigados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sob acusação de práticas fraudulentas no mercado financeiro. Uma proposta de acordo já foi rejeitada pela autarquia, e o processo segue em andamento — o que pode influenciar negativamente a percepção sobre a aquisição.
Venda de ativos ao BTG Pactual
Como parte de seu processo de reestruturação, o Banco Master negocia com o BTG Pactual a venda de ativos remanescentes — como precatórios e participações em fundos de private equity — com valor estimado entre R$ 15 bilhões e R$ 23 bilhões.
Se concretizada, essa venda pode melhorar a liquidez do grupo e aliviar pressões financeiras no curto prazo.
E os investidores?
A grande dúvida recai sobre os CDBs emitidos pelo Banco Master e pelo Will Bank. O BRB se comprometeu a honrar os títulos emitidos pelas empresas adquiridas. No entanto, ativos emitidos por subsidiárias fora do acordo podem não estar cobertos — gerando incerteza entre investidores de varejo e institucionais.
Conclusão
O caso do Banco Master mostra como decisões estratégicas envolvendo fusões e aquisições bancárias podem desencadear consequências regulatórias, políticas e reputacionais. O mercado observa com atenção o desenrolar do processo, que envolve entes públicos, instituições financeiras e milhares de investidores.
Mais do que uma transação bilionária, este é um caso emblemático da nova fase do sistema bancário brasileiro — onde política, capital e confiança se encontram em jogo.
Referências:
Folha de S. Paulo: MP de Contas investiga compra do Master pelo BRB
Reuters: BRB compra Banco Master e Will Bank
Reuters: Banco Master negocia ativos com BTG Pactual
Valor Investe: BRB compra Banco Master, diz colunista
Eu Quero Investir: BC pode barrar compra do Banco Master
Seu Dinheiro: O que acontece com os CDBs do Banco Master e Will Bank
Revista Oeste: Sócios do Banco Master investigados por fraude