O Preço é Alto — Porque o Real Vale Pouco
Todo lançamento de produto importado no Brasil repete o mesmo ritual:
“Lá fora custa 59 dólares e aqui é 800 reais? Absurdo!”
“Por que não cobram o preço adaptado à nossa realidade?”
“Essa empresa é gananciosa!”
A nova vítima da indignação popular foi a Nintendo.
Em abril de 2025, a empresa anunciou que Mario Kart World custará R$ 499,90 no Brasil — enquanto nos Estados Unidos o preço será de US$ 80 (fonte: Tecmundo/Voxel).
O bundle do Switch 2 com o jogo sairá por R$ 4.799,90. E o console sozinho custará R$ 4.499,90 — mais caro que um PlayStation 5 no país, como aponta o G1.
O problema não é a Nintendo. É o real.
A matemática é simples: se 80 dólares equivalem a 500 reais, o problema não está no preço fixado pela empresa — está no valor da sua moeda.
E a causa disso não está nas mãos da Nintendo, da Microsoft ou da Sony. Está nas mãos do governo brasileiro, que você financia com impostos, tolera com burocracia e aceita com inflação.
Fabricar um Mario Kart World custa praticamente o mesmo no Japão, nos EUA ou no Brasil. O que muda?
- Impostos de importação desproporcionais
- Carga tributária embutida em cada etapa da cadeia
- Custos alfandegários e regulatórios absurdos
- Instabilidade cambial
- Desvalorização do real provocada por déficits fiscais e inflação interna
A empresa cobra o que precisa para cobrir seus custos, margens e riscos.
Ela não é obrigada a compensar a ineficiência crônica do Brasil — quem deveria responder por isso é o Estado brasileiro.
A ilusão do “preço justo”
Muita gente acredita que seria “justo” que as multinacionais adaptassem seus preços à “realidade brasileira”.
Mas isso inverte a lógica moral e econômica: não é o mercado que deve se adaptar a governos ineficientes. São os governos que deveriam parar de destruir o poder de compra dos seus cidadãos.
O “custo Brasil” — essa mistura de impostos, entraves e volatilidade — não é culpa do Mario, do Donkey Kong ou da Zelda.
É culpa de um Estado gordo, gastador, corrupto e incapaz de garantir estabilidade monetária.
Enquanto isso, é sempre mais fácil atacar o empresário — que cumpre contratos e entrega produtos — do que cobrar responsabilidade de quem controla a moeda e as contas públicas.
O real barato é o sintoma. O Estado disfuncional é a causa.
Se você acha caro pagar R$ 500 em um jogo novo, saiba:
- O verdadeiro culpado não é o lojista.
- Não é o distribuidor.
- Não é a Nintendo.
É o real, que perdeu valor.
É o Tesouro Nacional, que imprime dinheiro e gera inflação.
É o sistema tributário, que penaliza quem produz e premia quem consome recursos públicos.
Enquanto isso, o governo segue criando déficits, aumentando a dívida pública e jogando a conta para o cidadão — como demonstrado no recente relatório do BTG Pactual (fonte: G1).
Conclusão: O preço da ineficiência é pago na etiqueta
O produto custa caro porque:
- O país é caro.
- A moeda é fraca.
- O governo é ineficiente.
Não adianta exigir que uma empresa global baixe seus preços por pena da nossa realidade.
O que deveríamos exigir — com veemência — é um país onde a moeda tenha valor real, os impostos sejam civilizados, e a liberdade econômica floresça.
O preço de Mario Kart é só o sintoma.
A doença está no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e nas agências que regem nossa economia.
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🛠️ Nota:
Este post foi originalmente publicado em 17 de abril de 2025 e atualizado em 24 de abril de 2025 para incluir novos dados sobre o lançamento do Switch 2 e a situação cambial brasileira.