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O Brasil trabalha muito e produz pouco: o retrato da estagnação

Operador de torno mecânico simboliza a improdutividade estrutural da indústria brasileira

Série: A Armadilha da Produtividade no Brasil – Parte 2

Introdução
O brasileiro trabalha em média mais horas por ano do que seus pares na Europa ou nos Estados Unidos — mas produz muito menos. A realidade é crua: o Brasil não está parado por falta de esforço, mas por falta de resultado. A estagnação da produtividade é o verdadeiro freio do crescimento nacional.

Um esforço improdutivo

Segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a produtividade média do trabalhador brasileiro equivale a apenas 25% da produtividade de um trabalhador americano. Mesmo em comparação com países emergentes, o Brasil fica atrás: Chile, México, Turquia e até a África do Sul superam o Brasil em valor gerado por hora trabalhada.

O problema é estrutural e histórico. Conforme aponta o IPEA, entre 1980 e 2020 a produtividade do trabalho no Brasil cresceu, em média, menos de 1% ao ano. Ou seja: quatro décadas perdidas. Nesse período, países asiáticos triplicaram ou quadruplicaram seus índices.

Mais horas, menos valor

Enquanto nações desenvolvidas apostaram em automação, qualificação e tecnologia, o Brasil manteve um modelo intensivo em trabalho de baixa qualificação. O resultado: longas jornadas, baixos salários e pouco valor agregado.

De acordo com a reportagem da MSN/Estadão, mesmo quando há aumento na importação de máquinas e bens industriais, as empresas brasileiras se beneficiam pouco disso. O motivo? Falta de estrutura, qualificação técnica e ambiente empresarial competitivo para transformar capital físico em produtividade real.

“O Brasil gasta, mas não rende.” Essa frase resume a tragédia da má alocação de recursos promovida pelo modelo estatista e intervencionista que persiste desde a redemocratização.

O “crescimento” do PAC e os vícios do passado

Programas como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), relançado no terceiro mandato de Lula, prometem impulsionar a economia por meio de investimentos públicos. Mas ignoram o ponto essencial: investimento não é sinônimo de produtividade se não houver eficiência.

O histórico desses programas é claro: obras inacabadas, corrupção e má alocação de capital. Sem metas claras de produtividade, o Estado apenas despeja recursos na economia sem transformar esse esforço em crescimento sustentado.

Por que continuamos improdutivos?

A explicação está em uma mistura tóxica de fatores:

  • Má qualidade da educação básica e técnica
  • Baixa inserção internacional e protecionismo comercial
  • Burocracia e carga tributária sufocante
  • Ambiente jurídico instável e hostil ao investimento
  • Cultura política baseada em subsídios, não em eficiência

Enquanto isso, o discurso dominante no governo insiste em “investir no povo” — mas o povo continua pobre, e a economia improdutiva. É impossível criar riqueza real apenas com boa intenção e verba pública.

Conclusão

O Brasil é um país de trabalhadores, mas não de produtividade. A diferença está na estrutura, não no esforço. Trabalhar muito e produzir pouco é a receita certa para continuar andando em círculos, iludido por promessas políticas e condenado à mediocridade.

Leia também: Artigo 1 – O que é produtividade e por que ela importa?


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