O sistema que deveria proteger aposentados virou máquina de espoliação silenciosa.
E o governo que prometeu resolver o problema… o dobrou.
Enquanto milhões de brasileiros aguardam há meses — e até anos — para conseguir aposentadoria, auxílio-doença ou pensão, uma rede de entidades associativas agia com total liberdade para descontar valores diretamente da folha de pagamento dos beneficiários do INSS. A operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal e pela CGU, escancarou o que muitos já sentiam no bolso: o Estado não apenas falha em proteger — ele muitas vezes participa da pilhagem.
🧾 O Esquema: conivência oficial e silêncio institucional
Segundo a Controladoria-Geral da União, mais de R$ 6,3 bilhões foram desviados entre 2019 e 2024 por meio de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. Esses descontos eram autorizados por Acordos de Cooperação Técnica firmados entre o INSS e entidades “associativas” — muitas delas operando como máfias legalizadas.
O dado mais estarrecedor: 97% dos beneficiários entrevistados declararam que nunca autorizaram tais descontos. Mesmo assim, mensalidades de até R$ 81,57 eram debitadas mês a mês de suas aposentadorias.
Entre os investigados estão 11 entidades e pelo menos seis servidores públicos, incluindo o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, afastado pela Justiça. Foram expedidos mais de 200 mandados de busca e apreensão, e houve bloqueio de bens no valor de R$ 1 bilhão.
🕰 A fila do INSS: o outro lado do desastre
Em 2022, Lula prometeu que “iria acabar com a fila do INSS”. No entanto, a fila mais que dobrou em seu governo. Em abril de 2023, havia cerca de 1 milhão de pessoas esperando. Em abril de 2025, o número já passa de 2,2 milhões de requerimentos represados, segundo dados da própria autarquia.
Os beneficiários esperam por perícia, revisão de benefícios e análises administrativas. Muitos morrem antes de receber uma resposta. Outros recorrem à Justiça para obter o que seria um direito garantido.
Enquanto isso, as entidades suspeitas conseguiram autorização oficial para descontar diretamente da folha. E conseguiram isso com agilidade e eficácia que o cidadão comum não tem nem sonhando.
🧠 O recado do sistema é claro: se você quer trabalhar e contribuir, será ignorado. Se quiser roubar com CNPJ, terá Acordo Técnico.
Essa fraude não é exceção — ela é reflexo da lógica estatal. Um sistema que premia os que estão dentro da máquina e pune quem está fora dela. Onde quem contribui é tratado como gado e quem opera no bastidor é tratado como parceiro.
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