A culpa não é da Microsoft. É do Estado que destrói seu poder de compra.
A alta é um sintoma. A doença está no modelo.
Quando a Microsoft anunciou o aumento de preços dos consoles e jogos Xbox, muitos correram para culpar o mercado, o dólar ou até as próprias empresas. Mas este post mostra por que o verdadeiro vilão é o Estado — que, com seu intervencionismo e destruição monetária, torna até o lazer digital um artigo de luxo no Brasil.
Já havíamos alertado no post “Nintendo, localização de preços e o verdadeiro problema: não é o jogo, é a moeda”, onde explicamos por que o problema não é o jogo — é a moeda. Aqui, a lógica se repete.
O aumento de preços: mais um capítulo previsível
No início de maio, a Microsoft anunciou oficialmente o reajuste dos preços dos consoles e jogos da linha Xbox no Brasil. A medida segue um padrão já visto com a Nintendo e outras empresas de tecnologia, que enfrentam crescentes dificuldades para operar em um país marcado pela alta carga tributária, instabilidade cambial e um ambiente hostil ao capital de risco.
Segundo a Bloomberg Línea, os jogos podem chegar a R$ 399 no lançamento, e consoles como o Xbox Series X já ultrapassam R$ 4.000 em algumas varejistas Bloomberg Línea. O Valor Econômico confirma: a Microsoft justificou os reajustes com base nos custos globais e nos desafios específicos do mercado brasileir Valor Econômico.
Mas não há surpresa. Há coerência. Como dissemos no post sobre a Nintendo, não é o mercado que encarece o produto — é o Estado que encarece o país. Veja também o post “Game Over na liberdade econômica”, onde mostramos como até o setor de games sofre com o retrocesso intervencionista.
A verdade por trás do preço: intervenção, não mercado
A retórica popular tende a culpar empresas estrangeiras pela alta dos preços. Mas quem conhece o básico de economia sabe: preço final é resultado de uma cadeia de custos e distorções artificiais.
Entre elas:
- Tributação em cascata;
- Tarifas de importação protecionistas;
- Burocracia alfandegária;
- Câmbio artificial e inflação monetária.
Em países com moedas fortes e estabilidade institucional, como Japão ou EUA, os preços de lançamento de consoles giram entre US$ 499 e US$ 599 — valor semelhante há anos. No Brasil, a combinação de inflação, tarifa e fragilidade cambial converte esse mesmo valor em mais de R$ 4.000, mesmo com isenção parcial de ICMS em alguns estados.
O Estado como sócio oculto do seu consumo
A lógica é clara: a cada R$ 100 gastos em um produto importado como um videogame, o Estado brasileiro pode levar até R$ 60 em impostos diretos e indiretos. Seja por meio do IPI, PIS/COFINS, ICMS ou tributos de importação, o governo atua como um sócio oculto — e voraz — de cada transação.
Não há “ganância corporativa” maior do que a ganância fiscal estatal. E ao contrário do que sugerem os defensores do protecionismo, as empresas não fogem por egoísmo, mas por inviabilidade.
A moeda fraca como motor do empobrecimento
Mesmo quando o preço nominal de um jogo permanece estável em dólar, ele explode em reais. Isso porque o real é sistematicamente enfraquecido por políticas fiscais irresponsáveis e pela impressão de moeda, como explicamos no post “Enquanto o dólar manda, o real obedece”.
Não é preciso imprimir cédulas para destruir uma moeda — basta imprimir déficits.
Quando o entretenimento vira privilégio
O resultado disso tudo?
Um console de videogame torna-se inacessível para milhões. Jogos lançados a R$ 400 se tornam objetos de luxo. Mas o problema não é o entretenimento caro — é o empobrecimento generalizado.
Enquanto o mundo joga, o brasileiro economiza para comprar um controle.
E tudo isso sob a falsa bandeira da “proteção da indústria nacional” — que, na prática, protege burocratas e corporações conectadas ao poder.
Conclusão
O aumento de preços anunciado pela Microsoft é apenas o sintoma visível de uma doença econômica mais profunda: o Estado brasileiro intervém, tributa e destrói o poder de compra da população — inclusive em setores que deveriam ser acessíveis, como o entretenimento digital.
Não é o mercado que está falhando com o consumidor. É o Estado que sabota a moeda, encarece os produtos e disfarça seu intervencionismo como “proteção”. A lógica de preços altos não é empresarial. É estatal.
📩 Quer entender como o intervencionismo atinge seu bolso — até nos momentos de lazer? Assine a newsletter Radar Econômico e receba nossas análises diretamente no seu e-mail.