Com a escalada do protecionismo global e a pressão inflacionária nos Estados Unidos, investidores em todo o mundo buscam novas formas de proteger seus ativos. Entre elas, ganham destaque as criptomoedas — ativos digitais que operam fora do alcance direto de bancos centrais e políticas estatais.
O Bitcoin, por exemplo, tem sido cada vez mais visto como reserva de valor em cenários onde moedas nacionais perdem poder de compra ou governos interferem na lógica de mercado com tarifas, controles cambiais e impressão desenfreada de dinheiro.
Mais do que um ativo especulativo, as criptos passaram a cumprir um papel estrategicamente monetário. Elas funcionam como refúgio em meio à estagflação — combinação de inflação alta com crescimento fraco — e se destacam especialmente em países que enfrentam desvalorização cambial ou desconfiança institucional.
Moeda descentralizada, proteção descentralizada
Ao contrário do ouro, que também é visto como um ativo de proteção, as criptomoedas são transportáveis, programáveis e imunes à censura estatal. Isso as torna especialmente atrativas em contextos de instabilidade política, guerra comercial ou risco de confisco.
Como discutido em nosso artigo “Criptomoeda é dinheiro? A origem de um mercado sem Estado”, a proposta das criptos vai além da tecnologia: ela representa uma nova visão de soberania individual e liberdade econômica.
O avanço das moedas digitais estatais
Em contrapartida, governos ao redor do mundo correm para lançar suas CBDCs — moedas digitais controladas pelo Estado — prometendo modernização, mas com risco de vigilância financeira e controle total sobre transações individuais.
Isso cria um dilema fundamental: estamos caminhando para um sistema de moedas livres ou para uma nova arquitetura de controle digital disfarçado de inovação?
Conclusão
Enquanto tarifas, impressoras de dinheiro e moedas frágeis corroem a confiança no sistema tradicional, o movimento em direção às criptomoedas só cresce.
Elas são, ao mesmo tempo, refúgio, resistência e reinvenção — e merecem atenção não só de investidores, mas de qualquer cidadão preocupado com liberdade e estabilidade.