A nova escalada de tensões comerciais entre os Estados Unidos e países latino-americanos — especialmente México e Brasil — não é apenas uma disputa entre governos. Trata-se de uma reconfiguração do papel da América Latina nas cadeias globais de produção, e o Brasil está no centro desse furacão.
1. Oportunidade ou armadilha?
Com empresas americanas buscando alternativas à China, o Brasil tem sido visto como um possível “porto seguro”. No entanto, falta infraestrutura, estabilidade regulatória e previsibilidade política — fatores que ainda limitam a atratividade do país frente a concorrentes como o México ou mesmo países asiáticos em recuperação.
2. Risco de retaliação
Com tarifas sendo discutidas em setores estratégicos como aço, alumínio e energia limpa, o Brasil corre o risco de sofrer retaliações — ou de se beneficiar se conseguir negociar acordos bilaterais mais eficazes. O desafio é manter neutralidade diplomática sem parecer omisso.
3. Qual o papel do Mercosul?
O bloco sul-americano pode ser tanto uma âncora quanto uma alavanca. Se for visto como uma barreira burocrática, o Brasil tende a perder oportunidades. Mas, se conseguir modernizar suas regras e firmar acordos multilaterais com agilidade, pode se destacar.
4. Caminhos possíveis para o Brasil:
- Investir pesado em infraestrutura logística e energética;
- Reforçar sua política externa com pragmatismo comercial;
- Aproveitar o movimento de nearshoring com foco em sustentabilidade e inovação.
O Brasil tem potencial para ser protagonista, mas precisa agir com estratégia e urgência. A guerra comercial pode ser o empurrão que faltava para uma mudança de rota — ou mais um capítulo de oportunidades desperdiçadas.