Se os Estados Unidos escolheram a guerra tarifária como arma geopolítica, a China adotou uma estratégia mais sutil — porém não menos eficaz. Em vez de confrontar diretamente as tarifas americanas, Pequim tem ampliado sua influência por meio do comércio de commodities, parcerias diplomáticas e investimentos silenciosos.
Enquanto a retórica ocidental gira em torno de “segurança nacional” e “soberania econômica”, a diplomacia chinesa atua com paciência: fecha acordos com países da Ásia, África e América Latina, compra estoques estratégicos, amplia sua reserva de ouro e fortalece o yuan como alternativa ao dólar no comércio internacional.
No Brasil, a resposta chinesa já é visível. A China aumentou sua participação nas importações agrícolas e passou a usar contratos em moeda própria para reduzir a dependência do dólar.
Para um país que acaba de ser atingido pelas tarifas americanas, como mostramos no artigo “México e o efeito bumerangue”, a aproximação com a China pode parecer uma saída. Mas será que é?
“Quando dois elefantes brigam, quem sofre é a grama.”
– Provérbio africano
A disputa entre EUA e China está longe de ser apenas comercial. É uma luta por hegemonia — e a América Latina, mais uma vez, ocupa o lugar de tabuleiro, não de jogador.
Um comentário