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Imposto é roubo? No Brasil, é pelo menos extorsão legalizada

Lady Justice observa enquanto um trabalhador curvado carrega uma moeda gigante com a palavra “TAX”, diante de fábricas e chaminés industriais em cenário sépia.

“Imposto é o preço da civilização” — dizem os defensores do Estado inchado. Mas no Brasil, onde o cidadão trabalha até maio só para pagar tributos, a realidade se aproxima mais de um sequestro orçamentário do que de um pacto civilizatório. A cada produto comprado, a cada salário recebido, a cada serviço contratado, há uma fatia invisível (mas violenta) do Estado tomando sua parte — independentemente da entrega.

E o que o brasileiro recebe em troca? Hospitais colapsados, escolas em greve, estradas esburacadas, insegurança pública e corrupção institucionalizada. No país com a maior carga tributária entre emergentes, o imposto é menos uma contribuição voluntária para o bem comum e mais uma extorsão legalizada, amparada pelo monopólio da força.

Leia também: o artigo A legalidade seletiva do Estado: repressão para os fracos, perdão para os fortes, que mostra como a lei se aplica com rigor aos pequenos enquanto protege os grandes; e o texto Subsídios bilionários, inflação popular: a conta (in)visível da “ajuda estatal”, que revela como o Estado transfere recursos do povo para setores privilegiados sob o pretexto de incentivo econômico.


O peso insustentável da carga tributária

Segundo estudo do InvestNews, a carga tributária no Brasil chegou a 33,7% do PIB em 2022, uma das maiores entre países emergentes — superando inclusive a média da América Latina, que gira em torno de 22%.

O Valor Econômico destaca que esse índice atingiu o maior patamar da série histórica — mesmo assim, o governo brasileiro segue sem superávit primário, ou seja, sem economizar nem para pagar os próprios juros da dívida.

Ou seja: arrecada-se mais do que nunca, mas o rombo continua crescendo. Isso revela a essência do problema: o Estado brasileiro não é sustentado — ele é insaciável.


O pior retorno de impostos do mundo

Segundo ranking global elaborado pela World Taxpayers Associations, publicado no G1 e no InvestNews, o Brasil figura entre os piores países do mundo em retorno de impostos à população na forma de serviços.

Mesmo com arrecadação altíssima, o Brasil ocupa as últimas posições no índice de eficiência — atrás de países como Peru, Bolívia e Paraguai.

Isso significa que poucos países cobram tanto e devolvem tão pouco quanto o Brasil. A cada real que o cidadão paga, ele recebe migalhas — se receber.


Um sistema regressivo, ineficiente e opaco

O peso dos tributos não é distribuído de forma justa. O Brasil adota um modelo regressivo, onde a maior parte da arrecadação vem do consumo — o que penaliza proporcionalmente mais os pobres. Um trabalhador informal, que não consegue escapar dos impostos embutidos, paga proporcionalmente mais do que grandes grupos com acesso a planejamentos tributários sofisticados.

Além disso, o sistema é injustificavelmente complexo: são mais de 60 tributos diferentes, com milhares de obrigações acessórias. Isso não é acaso — é projeto político. A confusão favorece os grandes, que podem pagar consultores, e pune os pequenos, que vivem à mercê de multas e autuações arbitrárias.


A moral tributária está morta

Os defensores do Estado insistem: “Se você gosta de ambulância, escola e iluminação pública, então não reclame de impostos.” Mas essa chantagem emocional ignora o óbvio: não se trata de pagar — trata-se do que é feito com o que se paga.

É imoral exigir 33% da riqueza nacional se essa riqueza é consumida por apadrinhados, desperdícios, estatais ineficientes, corrupção e burocracia parasitária. É imoral prender alguém por não declarar corretamente uma obrigação fiscal — enquanto políticos perdoam bilhões em dívidas de grandes empresas e bancos ligados ao poder.


O brasileiro trabalha 5 meses para sustentar o Leviatã

Segundo o estudo Dias Trabalhados para Pagar Tributos 2024, do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), o contribuinte brasileiro precisou trabalhar até o dia 28 de maio de 2024 apenas para pagar impostos, taxas e contribuições exigidas pelos governos federal, estadual e municipal. Isso equivale a 40,71% da sua renda média anual — uma taxa que não apenas revela o peso do sistema tributário brasileiro, mas também sua agressividade sobre o rendimento do trabalhador comum.

Estamos em 2025, e nada parece melhorar: o esforço tributário continua crescente, o retorno continua pífio, e a retórica oficial segue ignorando o desequilíbrio brutal entre o que se paga e o que se recebe.

Esse é o custo da cidadania forçada: metade do ano dedicada a alimentar uma máquina pública que retorna ineficiência, atraso e opressão.


A narrativa da civilização e a realidade da espoliação

A frase “imposto é o preço da civilização” foi sequestrada para justificar qualquer nível de tributação. Mas o que define uma civilização não é quanto ela cobra — é o que ela devolve.

Na Suécia ou na Noruega, onde impostos também são altos, os serviços são de alta qualidade, o sistema é transparente e o retorno é visível. No Brasil, altos impostos sustentam castas privilegiadas, e os serviços são medíocres.

Aqui, o imposto é o preço da sobrevivência do próprio Estado — não da sociedade.


O imposto como coerção — e não como contribuição

O que torna os impostos brasileiros particularmente odiosos é o fato de serem cobrados sob ameaça. Não se trata de uma contribuição voluntária. Trata-se de uma obrigação imposta sob pena de multa, bloqueio, prisão ou exclusão do mercado formal.

E quem mais sofre? Empreendedores, trabalhadores formais, autônomos e microempresários. O informal é perseguido. O MEI é sufocado. E o grande devedor do Estado negocia, parcela e se protege.

Leia também: o artigo Empreender no Brasil: onde a burocracia é o maior concorrente, que expõe como o sistema tributário e regulatório sufoca quem tenta produzir; e o texto Lei do consumidor ou arma contra o mercado?, que revela como a legislação, sob o pretexto de proteção, serve para excluir os pequenos e blindar os grandes.


Quando o cidadão é suspeito por padrão

O sistema tributário brasileiro parte do princípio de que o cidadão é um sonegador em potencial. Por isso, obriga-o a declarar, comprovar, justificar, emitir, registrar e pagar — mesmo sem saber o porquê.

Essa presunção de culpa serve a um fim: aumentar o controle estatal sobre a sociedade. O sistema fiscal brasileiro não é só arrecadatório — é disciplinador. Ele mantém o cidadão sob constante vigilância e à mercê de interpretações arbitrárias da lei.


Conclusão: roubo? Extorsão, no mínimo

Para um libertário convicto, a afirmação de que “imposto é roubo” não é apenas um slogan — é um diagnóstico moral. Afinal, trata-se da apropriação forçada da propriedade alheia por um ente que se sustenta pela coerção. Mas mesmo que o leitor não compartilhe dessa premissa radical, é impossível ignorar que, no Brasil, o imposto se aproxima perigosamente da extorsão. Afinal, é dinheiro tomado à força, com retorno mínimo, legitimado por um aparato institucional que vive da opacidade.

O problema não é o imposto em si — é o modelo tributário brasileiro: ineficiente, injusto, regressivo, opaco, coercitivo e corrosivo. Ele não sustenta a civilização. Ele sustenta um Estado que fracassou em cumprir seu papel.


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