Home / Séries Especiais / O papel do Estado na baixa produtividade: regulação, protecionismo e investimentos

O papel do Estado na baixa produtividade: regulação, protecionismo e investimentos

Pilha alta de documentos simboliza o peso da burocracia estatal na economia brasileira

Série: A Armadilha da Produtividade no Brasil – Parte 4

Introdução
O Estado brasileiro é um dos maiores obstáculos à produtividade. Isso pode parecer um paradoxo — afinal, o discurso oficial insiste em apresentar o governo como promotor do desenvolvimento. Mas na prática, a máquina pública atua como um freio: regula em excesso, protege os ineficientes e investe mal. Resultado? Um país engessado, lento e estagnado.

Neste artigo, mostramos como as políticas estatais não apenas falharam em impulsionar a produtividade, mas ajudaram a enterrá-la sob uma pilha de burocracia, protecionismo e gastos ineficazes.

1. Regulação como trava da eficiência

O Brasil é campeão mundial em exigências regulatórias absurdas. Do alvará para pequenos negócios ao licenciamento ambiental para obras de infraestrutura, a burocracia transforma o ato de empreender em um campo minado. O tempo, o custo e a imprevisibilidade dessas regras afastam investidores, travam a inovação e empurram empresas para a informalidade.

O discurso por trás das regulações costuma invocar “proteção ao consumidor”, “preservação ambiental” ou “segurança jurídica” — mas na prática, funcionam como barreiras de entrada para proteger grupos já estabelecidos e eliminar a concorrência. A produtividade perde — os cartéis agradecem.

2. O protecionismo como sabotagem da concorrência

Desde a década de 1950, o Brasil flerta com o nacional-desenvolvimentismo — uma ideologia que vê o mercado externo como ameaça e a indústria nacional como um bebê indefeso. A consequência foi a construção de um sistema que dificulta importações, eleva tarifas e premia ineficiência.

Esse modelo desestimula a competição e a inovação, elementos fundamentais para a produtividade. Ao invés de competir com o mundo, empresas brasileiras se acostumaram a pedir proteção. O resultado? Produtos caros, atrasados tecnologicamente e sem escala internacional.

Enquanto isso, países que adotaram abertura comercial estratégica viram a produtividade disparar. Coreia do Sul e Vietnã são exemplos recentes. O Brasil continua atolado no século XX.

3. Investimentos públicos: muito dinheiro, pouco retorno

Programas como o PAC, relançado por Lula em 2023, simbolizam o problema. Embora vendam a ideia de “aceleração do crescimento”, esses planos se baseiam em gastos massivos com baixa ou nenhuma mensuração de retorno. Obras inacabadas, contratos superfaturados e ausência de critérios técnicos são a regra, não a exceção.

Em vez de investir em produtividade — como educação básica, infraestrutura logística ou simplificação tributária — o Estado direciona recursos para obras politicamente vantajosas, muitas vezes via estatais ineficientes ou financiamentos cruzados via BNDES.

Esse modelo, além de caro, cria dependência e desincentiva o setor privado a buscar eficiência. O investimento público não complementa o privado — ele o substitui e o deforma.

Conclusão

O Estado brasileiro deveria ser um catalisador da produtividade. Mas age como um obstáculo. Suas regulações protegem castas, seu protecionismo isola o país e seus investimentos enterram bilhões sem retorno.

Enquanto o setor público seguir agindo como protagonista da economia — em vez de seu garantidor institucional — o Brasil continuará produzindo pouco, mesmo quando gasta muito. Romper essa lógica não é uma escolha técnica. É uma decisão política e moral.


📚 Leia também:


📩 Quer entender como o intervencionismo estatal afeta sua produtividade, seus preços e sua renda?

Assine a newsletter Radar Econômico e receba análises críticas direto no seu e-mail:


📖 Referências:

Marcado:

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

✖️

📬 Assine o Radar Econômico

Receba análises econômicas críticas direto no seu e-mail.
Sem spam. Só liberdade.

pt_BRPortuguese